Estudo PRESIDE: avaliação da Enzalutamida em combinação com quimioterapia em pacientes com câncer de próstata metastático

Oncologia Brasil

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20 mar, 2025

Impacto do ctDNA e biomarcadores de resistência no tratamento com Enzalutamida em câncer de próstata metastático  O estudo PRESIDE foi conduzido para avaliar a eficácia contínua do enzalutamida em pacientes com câncer de próstata resistente à castração metastático (CPRCm) que progrediram após terapia inicial com docetaxel. O objetivo foi determinar se a manutenção do enzalutamida em combinação com quimioterapia subsequente poderia oferecer benefícios adicionais em comparação ao uso isolado da quimioterapia.  O desenho do estudo foi multicêntrico, randomizado e duplo-cego. Os pacientes foram inicialmente tratados com enzalutamida em monoterapia até a progressão da doença. Após esse período, os participantes foram randomizados para receber enzalutamida associada a docetaxel e prednisona ou apenas docetaxel e prednisona. O desfecho primário analisado foi a sobrevida livre de progressão radiográfica (rPFS), enquanto a sobrevida global (OS) e a taxa de resposta foram incluídas como desfechos secundários.  Os resultados do estudo PRESIDE, conduzido com 271 pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC), revelaram informações importantes sobre a detecção de ctDNA (DNA tumoral circulante) e sua associação com a eficácia do tratamento com docetaxel e enzalutamida. A sobrevida livre de progressão radiográfica (rPFS), demonstrou que pacientes com ctDNA positivo na linha de base tiveram uma sobrevida significativamente mais curta em comparação com os pacientes ctDNA negativos (8,1 meses contra 10,8 meses, p = 0,004). Além disso, a análise de biomarcadores de resistência revelou que pacientes com mutações no gene AR-V7 e ganho de AR plasmático não se beneficiaram da continuidade da enzalutamida, evidenciando a importância da avaliação de biomarcadores para otimizar as decisões terapêuticas. A taxa de resposta ao tratamento foi mais baixa nos pacientes com biomarcadores de resistência, e a sobrevida global (OS) não apresentou diferença significativa entre os braços de tratamento.  Em relação aos dados de segurança, o tratamento foi geralmente bem tolerado, com eventos adversos de grau 1 a 2 sendo predominantes. A toxicidade não foi significativamente diferente entre os grupos de tratamento com enzalutamida e placebo, exceto por efeitos adversos relacionados ao uso de docetaxel. A coleta sequencial de amostras de sangue revelou que os níveis de ctDNA diminuíram de forma significativa durante o tratamento (26,1% no C2D1 em comparação com 55,1% na linha de base, p < 0,001), sugerindo que a monitorização de ctDNA pode ser útil para avaliar a resposta ao tratamento. Os achados do estudo PRESIDE reforçam o potencial da manutenção do enzalutamida em pacientes com CPRCm que evoluem após o uso de docetaxel.   Embora a combinação tenha demonstrado prolongamento da rPFS e maior taxa de resposta, o impacto na sobrevida global permanece incerto. Dessa forma, a decisão clínica sobre a continuidade do tratamento deve considerar não apenas os benefícios na progressão da doença, mas também o perfil de toxicidade associado.  Esses resultados contribuem para a compreensão do papel da enzalutamida na sequência terapêutica do CPRCm, fornecendo subsídios para a personalização das estratégias de tratamento e destacando a importância de novos estudos para avaliar o impacto da terapia combinada na sobrevida global dos pacientes.    Referências:  Ruiz-Vico, M. et. al. Liquid Biopsy in Progressing Prostate Cancer Patients Starting Docetaxel with or Without Enzalutamide: A Biomarker Study of the PRESIDE Phase 3b Trial. Eur Urol Oncol. 2025 Feb; 8(1):135-144. doi: 10.1016/j.euo.2024.08.006. Epub 2024 Sep 11. PMID: 39261236. 
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Escrito por Oncologia Brasil

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